vou frequentemente a Lisboa e não raramente estaciono no Jardim do "Arco do Cego". sempre me fez espécie tal nome. onde estaria esse arco, que já lá não está, e que cego tão famoso seria esse?
do arco há notícia. não do seu nascimento, mas da sua morte.
em setembro de 1742 foi ali demolido um arco para que pudesse passar a carruagem do rei D. João V, em viagem para as Caldas da Rainha, onde iria curar-se a banhos termais.
em setembro de 1742 foi ali demolido um arco para que pudesse passar a carruagem do rei D. João V, em viagem para as Caldas da Rainha, onde iria curar-se a banhos termais.
o arco foi demolido mas o rei acabou por preferir um bergantim e ir rio acima até Vila Nova da Rainha, no concelho da Azambuja, e daí seguir para as Caldas as 28 milhas restantes..
do "cego" é que não há notícia, pelo menos de que eu tenha conhecimento.
da última vez que lá estacionei verifiquei uma pequena diferença na designação do parque. em lugar de "Arco do Cego" dizia agora "Arco Cego".
pensei: "é dessas modernidades de tirar os 'des' às palavras compostas, tão do agrado das parangonas de jornais e telejornais.
"nã !" - pensei, depois, melhor. isto até que faz sentido: "arco cego" existe, "arco do cego" é que é mais difícil.
e então o que vem a ser um "arco cego"? é um arco que por necessidade posterior à sua constrção, ou por qualquer outro motivo, foi fechado com pedra ou qualquer outro material de construção, de jeito que já nada se pode ver através dele.
fica também mais compreensível por que houve que o demolir para passar o rei, que, afinal de contas, não passou.
e serve esta estória para compreender as voltas que os nomes dão. sobretudo quando a sua história já não é conhecida das pessoas residentes.
hemos de convir que "Arco do Cego" tem mais poesia, mais magia, sei lá. mas "Arco Cego" é o que faz sentido prático.
hemos de convir que "Arco do Cego" tem mais poesia, mais magia, sei lá. mas "Arco Cego" é o que faz sentido prático.