segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Airão e Pele / Pelhe / Peio

naquela época não havia carreiras de camionetas para todo o lado, nem carros senão os de bois, por isso o caminho fazia-se caminhando. assim, desde pequeno que passava a pé por São João e Santa Maria de Airão, a caminho de São Vicente de Oleiros, terra dos meus avós paternos. 
hoje, as voltas e reviravoltas da política e das finanças fizeram reunir numa União de Freguesias as duas freguesias de Airão mais a freguesia de Vermil. e a própria São Vicente de Oleiros foi reunida na União de Freguesias de Leitões, Oleiros e Figueiredo. nada escapou ao podão e à cola de Miguel Relvas.


sobre a origem do topónimo "Airão", aventam-se duas hipóteses: a primeira, refere-se à possibilidade de ter-se tratado de uma "villa" (propriedade rústica) de um tal Árias ou Árila, de etnia celta ou germânica - hipótese pouco provável, já que o genitivo correspondente não permite a forma "Airão": a segunda - e quanto a mim a mais provável, senão definitiva - refere-se à presença de nascentes, fontes, grutas ou poços naturais profundos.
estas grutas e poços não raramente estão ligados a cultos xamânicos ancestrais, associados ao Paleolítico.

no período celta cultuou-se a divindade Airón / Aironis, ligada aos poços e abismos. 
a presença de pontos de água é quase uma constante. de acordo com Alberto Lorrio, "numa percentagem elevada, este topónimo está relacionado com poços, lagunas, arroios ou fontes [...], outras vezes com grutas ou abismos".
o topónimo é bastante frequente na Península Ibérica, sob a forma Airão, Airón, Lairón, Airones, Eirós (forma plural) e os curiosos pleonasmos Pozo Airón, Pozairón e Cova Eirós (*).

no caso concreto que aqui nos traz, corre por Airão o rio Pele, um pequeno afluente do Ave. curiosamente, um pouco mais a juzante e em paralelo corre outro pequeno afluente do Ave, o rio Pelhe, evidentemente o mesmo hidrónimo, que significará "arroio", "regato" ou "ribeiro". por sua vez, o pequeno rio Peio, do mesmo étimo, corre no concelho de Cabeceiras de Basto e desagua no rio Tâmega, com o nome de "Rio do Ouro" (o mesmo que "douro", palavra de origem celta que significa "água").

é de notar que em França, no Jura, existe o Ruisseau de La Pèle (ribeiro de La Pèle). e Bazois, uma região do leste do Nivernais, é banhada pelo rio Aïron.

(*) nota: na elaboração da parte que liga Airão a pontos de água, poços e abismos servi-me do post de Andregoto Galíndez, em:

http://arqueotoponimia.blogspot.com.es/2014/10/el-chaman-de-cova-eiros.html



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cadima

esta freguesia do concelho de Cantanhede já foi grafada Catina, Cadyma, Gadima, Katima e Kadima, aparecendo estabilizada a grafia Cadima a partir de 1140. parece geralmente aceite a etimologia árabe, de Qadimu - "[Aldeia] Velha". e muito velha será ela. porém, dada a forma "Catina" anterior, parece mais uma arabização de vocábulo pré-árabe, cujo significado se desconhece. a possibilidade de "Catina" ter uma relação com a "catina" romena, que se refere a um arbusto dunar, portanto indicando uma relativa proximidade do mar, não será de excluir, embora pareça um nome mais adequado a um local deserto do que a um sítio povoado.  

domingo, 12 de outubro de 2014

Collipo

Collipo foi uma cidade romana (não quer dizer que "collipo" seja uma palavra latina). situava-se nos limites dos atuais concelhos de Leiria e da Batalha, na Quinta de São Sebastião do Freixo, antigo Paço de Randulfo, num outeiro do lugar de Andreus, da freguesia de Barreira. os de Leiria gostam de ligar-se à ideia de Collipo, fazendo-se descendentes da urbe romana. porém, ao que julgo saber, da Collipo propriamente dita os leirienses apenas têm as pedras daquela cidade levadas, entre outros destinos, para a construção do castelo de Leiria. povoada por Túrdulos, etnia pré-romana do extremo sul da Península, a cidade de Collipo dominava uma região abrangendo pelo menos partes dos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Batalha, Ourém e Porto de Mós. ao que se diz, "collipo" é uma palavra híbrida, metade latina, metade túrdula, significando "castro do outeiro" ou "outeiro do castro".
que é como quem diz "Monte Castro", "Monte Crasto" ou "Castromonte".


segunda-feira, 16 de junho de 2014

orónimos ou nomes de montanhas

tal como os hidrónimos, os orónimos são topónimos primordiais. a nomeação dos lugares começa pelos elementos básicos da Natureza. e, por isso, têm a marca da língua do povo que primeiro os habitou. sem querer repetir o que já deixei em post anterior,

Açor
Aire
Alvão
Barroso
Bornes
Cabreira
Canda
Candeeeiros
Caramulo
Carvalho
Estrela
Freita
Gerês -  ortografia mais correta: Jerês / Jurês.
Lapa
Larouco
Leomil
Lousã
Malcata
Marão
Marofa
Meira
Monchique
Montefigo
Montejunto
Montemuro
Montesinho
Nogueira
Ossa
Peneda
Queixa
Soajo