segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Como Não Nasce Um Topónimo

quando se punha o nome a uma terra, era improvável, para não dizer mais, que se lhe botasse um nome complicado, daqueles que só existem nos dicionários. como me ensinaram os tupis do Brasil e quem os conheceu e estudou, o nome deve ser simples, expressivo e identificativo. deve ser coisa que pegue facilmente, que ocorra a todos e não apenas aos eruditos que o vão estudar dois ou três mil anos depois, numa língua completamente diversa da original. tamém não deverá ser um nome demasiado vulgar, de baixa estirpe ou cacofónico. aliás, quando a evolução, ou desgaste fonético, transforma um topónimo num termo demasiado vulgar, de baixa estirpe ou cacofónico, logo a população procura desfazer-se dele, por não suportar a risota dos de fora. é o caso de "S. Paio de Farinha Pôdre" (agora "S. Pedro d'Alva"), de dois "Punhete" (um é agora "Constância", outro "Aldeia Formosa") ou de "Porcalhota" (agora "Amadora"). para mais exemplos, ver Comentºs

cousa que mereceria tamém o seu estudo, aqui vão alguns exemplos de topónimos que não existem:


Abacaxi
Abóbora
Abóboras
A-da-Porra
A-dos-Bêbados
A-dos-Brancos
A-dos-Carecas
A-dos-Cegos
A-dos-Coxos
A-dos-Forretas
A-dos-Lorpas
A-dos-Manetas
A-dos-Mancos
A-dos-Marrecas
A-dos-Moucos
A-dos-Palermas
A-dos-Pelintras
A-dos-Samelos
A-dos-Trengos
Alfaces da Serra
Algures de Baixo
Batatal
Beiçudos
Cabeça de Crego (Gz.)
Cabeça de Freira
Cabeça de Padre
Cabeça do Outro
Caroços de Cima
Castelo Preto
Couval
Deusmelivre
Espírito-Santo-de-Orelha
Estantios
Esterqueira
Feijoeiro
Gramínea
Grão-de-Bico
Liliácea
Melancia
Melão
Nenhures
Parolos do Meio
Parvoeira
Parvónia de Aquém
Pasmaceira
Pepineira Jusã
Peste Negra
Pevides
Pilriteiro
Tremoceiro





4 comentários:

hmscroius disse...

No Norte de Portugal conheço dois exemplos que ilustram o que defende: Capareiros, que deu lugar a Barroselas (conc. Viana do Castelo) e Vilar de Porcos, que se transformou em Vilar do Pinheiro (conc. da Maia). Croius.

hmscroius disse...

Já agoraproponho que altere o título desse post para como desaparecem alguns topónimos... com os melhores cumprimentos e os meus sinceros parabéns por este blog.

josé cunha-oliveira disse...

obrigado pela apreciação ao blogue.
quanto ao nome do post...
...eu já tenho falado, ao longo deste blogue, dos topónimos que cairam em desgraça. agora apeteceu-me falar daqueles que nunca hão-de cair nela porque...não existem...
um abraço

Nuno disse...

Já agora, também Escumalha, que mudou o nome no século passado para Vilamar, na freguesia das Febres, Cantanhede.
Escumalha estava associada aos ourives, e à religião Judaica, mas logo acabou por tornar-se uma palavra bastante depreciativa ...