sábado, 30 de dezembro de 2006

dois, três, quatro, cinco e nove




estes numerais são tamém importantes nas Toponímias Galega, Portuguesa e Brasileira. de um modo geral, a sua formação é evidente. bom, na verdade, não tão evidente assim. em alguns deles merece a pena parar para pensar.

As Cinco Calhes (Gz,) - graf. altern: As Cinco Calles
Catro Caminhos (Gz.) - . graf. altern. "Catro Camiños". ver "Quatro Caminhos"
Cinco Ribeiras
Cinco Rodas - lugar que deve o seu nome à presença de rodas de moinhos
Cinco Vilas
Dois Córregos (Br.)
Duas Igrejas
Duas Quintas
Nove Fontes (Gz.) - graf. altern. Novefontes
Os Catro Ventos (Gz.) -

Ponte das Três Entradas - é uma curiosa ponte em "Y", da qual já me ocupei noutro post. mais curioso é que seja "das três entradas" e não "das duas saídas". o nome foi posto de cima da ponte, e não de fora.

Ponte dos Três Concelhos -
Quatro Águas -

Quatro Caminhos - habitualmente é um lugar de onde partem ou onde confluem quatro caminhos. o nome seria o mesmo que "encruzilhada", não fôra aqui o cruzamento ser povoado por gente viva e não por almas do outro mundo

Quatro Estradas - ver "Quatro Caminhos"

Três Corações (Br.) - é mais um caso em que a origem etimológica de um topónimo se perde rapidamente. embora muito recente, este topónimo já tem muitas teorias para a sua origem

Três Irmãos (Pt. e Br.) - os "irmãos" podem ser montes, rios, cachoeiras...

Três Marias (Br.) - é verdadeiramente notável a rapidez com que se perde a memória da origem dos nomes

Tresminas - parece "três minas", mas há quem diga que não é...

Três Paus -
Três Pontas (Br.)

Três Povos - é muito frequente na Geografia Humana e na História, no Passado e no Presente, a proximidade e a miscigenação de três povos. no caso da aldeia de "Três Povos", concelho do Fundão, o nome deve-se a ser formada por três povoados independentes.

Três Rios (Br.) -



quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

o número sete na toponímia galego-portuguesa e brasileira



sete ventos, sete mares, sete partidas do mundo, sete pedras, sete quedas, sete rios, sete fontes.
o numeral "sete", além de traduzir um plural expressivo, indica simultaneamente um número de perfeição, de obra acabada. segundo se diz, é o número da eficácia da fala. nas tradições ocidentais, com Sua voz o Arquiteto Supremo concebeu e construíu o mundo em sete dias. sete dias tem a se(pti)mana e outros tantos cada fase da lua. sete é o número de estrelas que cada Ursa tem. sete, ainda, são os países celtas. Lisboa tem sete colinas. o gato tem sete fôlegos. e há quem tenha sete ofícios e quem não tenha nenhum. há os que na vida pintam o sete e há os que fazem da vida um bicho de sete cabeças. e a luz tem sete cores, sete notas tem a música. o ano que vem é dois mil e sete... e termino aqui o post porque vou levantar às sete!


Bairro de Sete Céus

Cête - povoação muito antiga, é uma vila do concelho de Paredes (Pt.). a grafia "Cête", em lugar de "Cete", é a que respeita a pronúncia local. não tem qualquer relação com o numeral "sete". ver Comentº de Nóbrega

Lagoa das Sete Cidades
Mata dos Sete Montes
Passa Sete (Br.)

Sete (Pt. e Gz.) - não creio que se trate do numeral "sete". de notar que no Languedoque existe a cidade de Sète (Fr.), que já foi grafada "Cette", e que em Portugal também existe "Cête" (ver acima)

Sete Alcarias - o mesmo que "sete (i. é, várias) aldeias", topónimo híbrido

Sete Bicas
Sete Caminhos
Sete Capelas
Sete Casas
Sete Castelos
Sete Cidades (Pt. e Br.)
Sete Fontes
Sete Igrexas (Gz.) - grafia integrada: "Sete Igrejas"
Sete Lagoas (Br.)
Sete Lagos (Br.)

Sete Léguas (Br.) - e no Brasil "Sete Léguas" é tamém uma marca de botas e alpergatas...

Sete Lombas (Br.) - é um sítio muito particular
Sete Pedras
Sete Quedas (Br.)
Sete Rios
Seteventos (Gz.)
Sete Voltas (Br.)

Setiais - há quem diga que significa "Sete Ais", pois que as condições do local favoreceriam a formação de eco, transformando um grito em sete. mas é uma explicação simplista e improvável. mais certo é tratar-se do plural de "seteal", um termo próprio da paisagem rústica, tal como o "Sete" isolado (ver acima)

Vilacete - ver "Vila Cete"
Vila Cete - forma antiga: "villa Setti" (genitivo de um antropónimo germânico)



Barranco, Barrancos

a palavra "barranco", no seu sentido mais comum, significa "cova", "precipício", "ribanceira". como topónimo, é frequente no Algarve e Baixo Alentejo. em muitos "barrancos" correm ribeiras sezonais de enxurrada. e em alguns casos adquire a função de hidrónimo.

Barranca
Barrancão
Barranco da Amoreira
Barranco da Cruz
Barranco da Cruz da Várzea
Barranco da Horta Velha
Barranco da Pomba
Barranco das Belharucas
Barranco das Canas
Barranco das Figueiras
Barranco das Vinhas
Barranco da Vaca
Barranco de Água Velha - como hidrónimo é um pleonasmo
Barranco de Brejões

Barranco de Mata Filhos - grafia mais correcta: "Barranco de Matafilhos"?
Barranco de Vale da Vinha

Barranco do Arroio - como hidrónimo é um pleonasmo
Barranco do Banho

Barranco do Cadavaio - é um pleonasmo, Cf. "Cádabo", "Cadaval", "Cádavo", "Cávado"

Barranco do Calvário
Barranco do Cão
Barranco do Carneiro
Barranco do Carvalho
Barranco do Justo
Barranco do Lobo
Barranco do Mexilhão
Barranco do Monte Clérigo
Barranco do Monte Velho
Barranco do Nuno
Barranco do Porco
Barranco do Preto
Barranco do Sambro
Barranco dos Pisões
Barranco do Velho
Barrrancos
Barrancosa
Barranco Silvestre
Barranquinha
Barranquinho
Praia do Barranco
Quinta do Barranco da Estrada



sábado, 23 de dezembro de 2006

Topónimos Brasileiros Que Fazem Sorrir

aqueles que se interessam pela Taxonomia toponímica têm aqui a oportunidade de inventar um nome grego para uma gaveta classificativa relativamente pacífica. se bem que o sentido de humor varie muito de pessoa para pessoa, ainda assim será mais consensual que a oro e a fitotoponímia, por exemplo.

aqui tenhem alguns topónimos brasileiros que fazem sorrir, tal como existem topónimos portugueses e galegos que fazem sorrir também. e uma curiosa lição que se tira deste apontamento é que a razão de ser, o significado original, de um topónimo esquece muito depressa. muitos dos nomes de cidades que se seguem não tenhem nem cem anos de existência e já possuem várias explicações alternativas. e o mesmo aconteceu em topónimos galegos e portugueses:

Braço do Trombudo (Santa Catarina) - ainda se discute a quem pertence a tromba

Capão Bonito (São Paulo) - embora bonito, este "capão" não foi comprado na Feira de Freamunde. é mais um exemplo de homofonia e hibridismo entre duas línguas, neste caso o tupi-guarani e o português. "Capão", aqui, é palavra nativa que significa "mato redondo", ou seja, uma zona de mato isolada num panorama mais árido

Carrasco Bonito (Tocantins)
Deserto do Além (São Paulo)
Feliz Deserto (Alagoas)
llha Solteira (São Paulo)
Lagoa da Confusão (Tocantins)
Laranja da Terra (Espírito Santo)
Milho Verde (Minas Gerais)

Pareci Novo (Rio Grande do Sul) - na realidade pareci, mas não pareço. poderia ser "Novo Parecy". e "Parecy" é o nome de uma tribo indígena. destas homofonias e hibridismos entre línguas diferentes está a Toponímia cheia.


Passabém (Minas Gerais)
Passa Quatro (Minas Gerais)
Passa Sete (Rio Grande do Sul)

Passa Tempo (Minas Gerais) - além do nome, esta cidade tem o particular de estar situada numa região de assombrações e UFO (OVNIS)

Passa-Vinte (Minas Gerais)
Passa-Vinte Velho (Minas Gerais)

Porto Ferreira (São Paulo) - em Portugal, "Porto Ferreira" é uma conhecida marca de vinho do Porto

Santa Rita do Passa Quatro (São Paulo) - essa é uma explicação para o nome "Passa Quatro". mas tem mais

São João dos Patos (Maranhão)
São José dos Ausentes (Rio Grande do Sul)
São Miguel do Passa Quatro (Goiás)

São Thomé das Letras (Minas Gerais) - vale a pena conhecer a história desta cidadezinha mineira e a explicação do seu nome. tal como "Passa Tempo", é zona de misticismo e de suspeitas de contacto extra-terrestre

Trombudo Central (Santa Catarina)
Varre-Sai (Rio de Janeiro)
Venha Ver (Rio Grande do Norte)
Vila Nova dos Martírios (Maranhão)
Vitória da Conquista (Bahia)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Lá como Cá

já tratei em postagens anteriores das cidades brasileiras homónimas de cidades e vilas portuguesas, bem como dos topónimos em língua portuguesa relacionados com "pedra".
trato agora de topónimos que, não sendo cá nomes de cidades, vilas ou freguesias importantes, nem estando propriamente relacionados com "pedra", se encontram transpostos ou criados para nomes de cidades no Brasil.
em alguns casos (Andorinha, Antas, Cruz, Mazagão, etc.) a simples transposição faz com que se perca a relação semântica com o topónimo galego-português original.
quero dizer, transpôs-se o topónimo mas não o seu significado. este fenómeno tem de ser considerado quando estudamos topónimos de origem exterior, por exemplo, os topónimos celtas, sardos, gregos e fenícios em Portugal ou na Galiza.
vejamos o topónimo "Antas", no Brasil: não existem "antas" no Brasil, pelo que foi transposto o topónimo tendo em conta alguma terra portuguesa ou galega com esse nome, mas a relação com o seu significado (o monumento megalítico correspondente) já não existe.
nos casos em que um topónimo em português não tenha um significado óbvio, em face da realidade brasileira local, o seu significado original deve ser procurado na toponímia galego-portuguesa.
desta vez vou esforçar-me por uma lista bem comprida.


exemplos:

Água Boa (Mato Grosso, Minas Gerais)
Água Fria (Bahia)
Alagoa (Minas Gerais)
Aldeias Altas (Maranhão)

Almenara (Minas Gerais) - "al-menara" é "atalaia", em árabe

Andorinha (Bahia)
Antas (Bahia) - ver Comentº de Jolorib
Arcos (Minas Gerais)

Areia Branca (Rio Grande do Norte, Sergipe) - em Portugal há "Praia da Areia Branca"

Areal (Rio de Janeiro)
Atalaia (Paraná)
Baixio (Ceará)
Balsas (Maranhão)
Barra (Bahia)
Barracão (Paraná)
Barreira (Ceará)
Barreirinha (Amazonas)
Barreirinhas (Maranhão)
Barreiros (Pernambuco)
Barrinha (São Paulo)
Barro (Ceará)
Barrocas (Bahia)
Barroso (Minas Gerais)
Bela Vista (Maranhão)
Bicas (Minas Gerais)
Boa Vista (Roraima)
Bom Jardim (Maranhão)

Bom Sucesso (Minas Gerais, Paraíba) - em Portugal, "Bom Sucesso" ocorre em Aveiro e na Figueira da Foz, duas cidades ligadas à faina da pesca

Bonfim (Minas Gerais, Roraima)
Bonito (Pernambuco)
Brejo (Maranhão)
Brejões (Bahia)
Cabeceiras (Goiás)
Cabedelo (Paraíba)
Cabo Frio (Rio de Janeiro)
Cabo Verde (Minas Gerais)
Campo Alegre (Alagoas, Santa Catarina)
Campo do Meio (Minas Gerais)
Campo Grande (Alagoas, Rio Grande do Norte)
Canas (São Paulo)
Candeal (Bahia)
Candeias (Bahia, Minas Gerais)
Canta Galo (Minas Gerais)

Cantagalo (Paraná, Rio de Janeiro) - na Ilha Terceira, Açores, é um orónimo

Capela (Alagoas)
Casa Nova (Bahia)
Casinhas (Pernambuco)
Castelo (Ceará)
Castro (Paraná)
Cedro (Ceará)
Chã Grande (Pernambuco)
Chã Preta (Alagoas)

Cidreira (Rio Grande do Sul) - há uma "Cidreira" aqui bem perto de Coimbra

Cruz (Ceará)

Cruz Alta (Rio Grande do Sul) - há uma "Cruz Alta" no Bussaco

Currais (Pernambuco)
Encruzilhada (Bahia)
Entre Rios (Bahia, Santa Catarina)

Estrela Dalva (Minas Gerais) - em Portugal há "Estrela d'Alva", perto de Penacova

Farol (Paraná)
Feira da Mata (Bahia)
Feira de Santana (Bahia)
Feira Nova (Pernambuco, Sergipe)
Ferreiros (Pernambuco)
Figueira (Paraná)
Fonte Boa (Amazonas)
Fortaleza (Ceará)
Fronteira (Minas Gerais)
Gavião (Bahia)
Igreja Nova (Alagoas)
Ilhéus (Bahia)
Junqueiro (Alagoas)
Lagoa Grande (Pernambuco)
Laranjal (Paraná)
Laranjeiras (Sergipe)
Linhares (Ceará)
Macieira (Santa Catarina)
Mãe d' Água (Paraíba)
Marco (Ceará)
Mata (Rio Grande do Sul)
Mata de São João (Bahia)
Mata Grande (Alagoas)
Matinha (Maranhão)
Matinhos (Paraná)
Mazagão (Amapá)
Mercês (Minas Gerais)
Mesquita (Minas Gerais)
Montanha (Ceará)
Monte Alto (São Paulo)
Monte Santo (Bahia)
Mundo Novo (Bahia)
Olho d' Água (Paraíba)
Olho d' Água das Flores (Alagoas)
Olho d' Água do Casado (Alagoas)
Olho d' Água Grande (Alagoas)
Ortigueira (Paraná)
Palmares (Pernambuco)
Palmeira (Santa Catarina)
Palmeiras (Bahia)
Paraíso (São Paulo)
Paranhos (Mato Grosso do Sul)
Pé de Serra (Bahia)
Pesqueira (Pernambuco)
Pinhais (Paraná)
Pinheiros (Ceará)
Pintadas (Bahia)
Pocinhos (Paraíba)

Ponta Grossa (Paraná) - para quem se interesse pela Taxonomia, "Ponta Grossa" é o antónimo de "Ponta Delgada"

Pontal (São Paulo)
Porto Velho (Rondónia)
Prado (Bahia)
Praia Grande (Santa Catarina, São Paulo)

Prainha (Pará) - embora a grafia correcta seja "Praiinha", em Portugal tamém já é rara

Queimadas (Bahia)

Raposa (Maranhão) - pode ser tradução do tupi-guarani "Gambá"

Rio Largo (Alagoas)
Rio Novo (Minas Gerais)

Rio Quente (Goiás) - em Portugal, Ilha de S. Miguel, Açores, há "Ribeira Quente"

Rio Real (Bahia)
Rio Tinto (Paraíba)
Salgueiro (Pernambuco)
Salto (São Paulo)
Seara (Santa Catarina)
Serra do Navio (Amapá)
Serrinha (Bahia)

Serro (Minas Gerais) - embora errada, em Portugal é frequente a grafia "Cerro"

Sobradinho (Bahia)
Tanque Novo (Bahia)
Tanquinho (Bahia)
Várzea (Paraíba)
Várzea do Poço (Bahia)
Várzea Nova (Bahia)
Vereda (Bahia)
Vila Boa (Goiás)
Vila Rica (Mato Grosso)
Vila Velha (Ceará)
Vista Alegre (Rio Grande do Sul)




quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Os Frades na Toponímia Galego-Portuguesa e Brasileira




tal como os bispados ou dioceses, também os mosteiros de frades e freiras tiveram uma importância histórica fundamental, que se traduziu na concessão de privilégios e territórios dos quais restam vestígios na toponímia.
os mosteiros tiveram, além disso, um papel fulcral no repovoamento e no desenvolvimento de técnicas de agricultura, doçaria, fruticultura, horticultura e pecuária.

porém, nem todos os "frades" são monges. o facto de haver topónimos derivados, incompatíveis com o sentido de "monge", indica que a palavra "frade" de onde derivam teria outro significado. e a existência dos hidrónimos "ribeira dos Frades" e "rio de Frades" parece confirmar essa impressão. por estranha coincidência, "Dona" (e "Donas"), que tamém pode querer dizer "freira", em alguns casos também é hidrónimo.

Aldeia das Donas - ver "Donas"
Aldeia Nova das Donas

Almas de Freire - (?). a questão aqui é o "freire", já que "almas" se refere a "alminhas", "cruzamento". é um "freire" complicado, pois que, se se referisse a um monge, estaria na contramão: o lugar foi de "freiras".

Azenha dos Frades

Bouças Donas - em Portugal ocorre pelo menos duas vezes. topónimo estranho. será Bouças d'Onas? e se for? cf. com "Saldonas" e "Tardonas"

Caminho das Donas

Casal do Frade - povoação muito antiga, do Município de Arganil, onde - há quem diga - se fala "português corretamente, sem qualquer sotaque" (?!). é obra! (tenho que lá ir, um dia destes, no meu vagar, para ver como é isso de falar sem sotaque...)

Chão das Donas
Corte das Donas
Coto do Frade (Gz.)

Curral das Freiras (Madeira) - corresponde a uma antiga cratera vulcânica

Dona (Pt., Gz. e Br.) - os topónimos brasileiros referem-se a antropónimos femininos Dona Fulana, Dona Beltrana). os portugueses e galegos parecem hidrónimos. ver "Ribeira da Dona"

Donas (Pt. e Gz.) - em geral, refere-se a "freiras", mas nem sempre. há "Donas" de origem mais antiga que a presença das freiras. Em Castilla-León e em Castilla-La Mancha existem os topónimos "Dueña" e "Campillo de Dueñas", respectivamente. ora sucede que a forma "Dueña" aponta para uma etimologia diferente de "Doña" (esta, sim, a correspondente à nossa "Dona", no sentido de "senhora" ou de "freira"). "Donas" também pode ser hidrónimo, o que aponta para um parentesco com os hidrónimos europeus "Don", "Danúbio", etc.

Figueiredo das Donas
Fradeira - topónimo sem relação com "frades" monges

Fradellos (Le.) - localidade da Província de Zamora, León, perto de Miranda do Douro. é uma terra muito antiga, onde existe um castro. diminutivo de "frades". que "frades"?

Fradelos - diminutivo de "frades". mas que "frades"?
Frades (Pt. e Gz.)

Fradizela - mais um topónimo em que o "frade" dificilmente teria sido um monge. parece pressupor um topónimo "Fradiça", de que seria diminutivo, topónimo esse que nada tem que ver com monges.

Fratel - a relação com o latim "frater" é muito duvidosa. há um certo consenso sobre reconhecer-lhe uma origem obscura

Freira (Pt. e Br.)
Freiras (Pt. e Br.)
Freire (Pt., Gz. e Br.)
Freiria - (?)
Freirigo - antropónimo germânico: o mesmo que "Frederico"
Freirinha
Freiriz - genitivo de Frederico: "a propriedade de Frederico"
Ilha do Frade (Br.)
Maçãs de Dona Maria - ver post
Oliveira de Frades
Pai das Donas - sobre "Pai" (aldeias) ver post
Pinhal de Frades
Poço da Dona
Ponte dos Frades
Porto Frade (Br.)

Ribeira da Dona - parece um pleonasmo, se "Dona" aqui for hidrónimo: "ribeira da ribeira". ver "Dona" e "Donas"

Ribeira das Donas - aqui "Donas" é hidrónimo. e, então é um pleonasmo. ver "Donas"

Ribeira de Frades
Ribeira de Frades - aqui é hidrónimo
Ribeira dos Frades - é hidrónimo
Rio de Frades - outro hidrónimo enigmático
Saldonas - ?
S. Martinho de Frades (Gz.) - tamém grafado "S. Martiño de Frades"
S. Paulo de Frades
Tardonas - ?
Torre dos Frades
Valado de Frades
Valdonas
Vale das Donas
Vale de Frades
Vila de Frades
Vila dos Frades (Br.)
Vilar de Frades (Gz.)
Vilarinho de Freires
Vitorino das Donas


(...a continuar...)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Os Bispos na Toponímia Galego-Portuguesa e Brasileira




os bispos da Igreja Católica Apostólica Romana, por força de determinantes de natureza histórica, gozaram de importantes privilégios que lhes asseguraram o domínio e a posse de vastos territórios. desses domínios restam vestígios na toponímia galego-portuguesa e brasileira.
é claro que os bispos não são os mesmos em todos os topónimos.

além disso, há homofonias que fazem com que nem todos os bispos sejam criação religiosa. "Bispa", "Bispeira", "Bispeiros", "Vispeira" e "Vispon", por exemplo, apontam para outra realidade semântica e linguística que não o grego "epískopos": "inspector", "vigilante" (das províncias).

exemplos:

Aldeia do Bispo
Almargem do Bispo
Azenha das Bispas - ver "Bispeira"
Bispa - ver "Bispeira" e "Vispeira"
Bispeira - ver Comentº
Bispeiros - ver "Bispeira" e "Vispeira"
Caldas do Bispo (Gz.) - também chamadas "Chavasqueira"
Chão do Bispo
Enxara do Bispo
Horta da Bispa - ver "Bispeira" e "Vispeira"

Lagoa do Bispo (Br.) - também chamada "Dom Helvécio" (MG)

Ladeira de Chão do Bispo
Lomba de Chão do Bispo
Monte da Arcebispa - ? relacionado com "Bispeira", "Vispeira", "Vispon"?
Monte das Bispas - ver "Bispeira" e "Vispeira"
Monte Novo das Bispas - ver "Bispeira" e "Vispeira"
Póvoa do Bispo
Praia do Bispo (Br.) - (PA)
Quinta do Bispo
Ribeira de Chão do Bispo
Santa Cruz do Bispo
S. Martinho do Bispo
Vila do Bispo
Vispeira (Gz.) - ver Comentº
Vispon ou Vispom (Gz.) - ver Comentº



quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Mais Pedras na Toponímia Brasileira






desta vez, pedras em língua portuguesa
(ou como a língua pode mudar mas não muda o jeito de pensar o nome das coisas):





Bom Jesus da Lapa (Bahia)
Lageado (Tocantins)
Lageado Grande (Santa Catarina)
Lages (Santa Catarina)
Laje (Bahia)
Lajeado(Rio Grande do Sul)
Lajeado Novo (Maranhão)
Lajedão (Bahia)
Lajedinho (Bahia)
Lajedo (Pernambuco)
Lajedo do Tabocal (Bahia)
Laje do Muriaé (Rio de Janeiro)
Lajes (Rio Grande do Norte)
Lajes Pintadas (Rio Grande do Norte) - ver post anterior: "Itacoatiara"

Lajinha (Minas Gerais) - os índios diriam "Itapemirim", como se vê no post anterior

Pedra (Pernambuco) - os índios diriam "Itá" (post anterior)
Pedra Azul (Minas Gerais)
Pedra Bela (São Paulo) - ver "Itabela" no post anterior
Pedra Bonita (Minas Gerais) - ver "Itabela" no post anterior

Pedra Branca (Ceará, Paraíba) - como se vê (post anterior: "Itatim"), os topónimos repetem-se em línguas diferentes

Pedra do Anta (Minas Gerais)
Pedra do Indaiá (Minas Gerais)
Pedra Dourada (Minas Gerais)
Pedra Grande (Rio Grande do Norte)
Pedra Lavrada (Paraíba)
Pedra Preta (Mato Grosso, Rio Grande do Norte)
Pedras Altas (Rio Grande do Sul)
Pedras de Fogo (Paraíba)
Pedregulho (São Paulo)
Pedreira (São Paulo)
Pedreiras (Maranhão)
Pedrinhas Paulista (São Paulo)
Penedo (Alagoas)

Poção de Pedras (Maranhão) - creio que "poção" é aqui o mesmo que "poço grande"

Rochedo (Mato Grosso do Sul)
São José da Lage (Alagoas)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

"Itá" e a Toponímia brasileira



em língua tupi-guarani, "yta" (itá) significa "pedra". pedra essa que "itá", só por si, não distingue de pedra preciosa, mineral e minério. e tamém por isso, "itá" entra numa grande quantidade de topónimos brasileiros de origem nativa, que, é bom de ver, já lá estavam quando os portugueses deram nome ao que faltava nomear até então.
os topónimos que designam pedras, formas de pedras, tamanho de pedras, etc., são sempre dos primeiros que surgem numa dada região, juntamente com o nome de serras, rios, fontes, planícies. não admira que a língua que lhes deu o nome seja a do povo ou a dos povos que primeiro a povoaram.
em Portugal encontramos topónimos em cand-, cant-, como, por exemplo, Candeeiros, Cantanhede, Cântaro, e em car-, carr-, como Caramulo, Carregal, etc., etc. no Brasil, encontramos ita, itá, yta. já vimos alguns destes nomes a propósito da toponímia tupi-guarani.
o topónimo em itá é completado por um segundo termo que indica as características, a côr, localização ou a quantidade.

exemplos:

Itabela (Bahia) - topónimo híbrido? se é, significa "pedra bela", do tupi-guarani "ita" (pedra) e do português "bela"

Itaberaba (Bahia) - à letra: "a pedra que brilha" (o diamante)
Itaberaí (Goiás) - à letra: "rio dos seixos"

Itabira (Minas Gerais) - à letra: "pedra empinada", "pedra erguida". não é sinónimo de "perafita", porque esta está associada a menires

Itabirinha de Mantena (Minas Gerais) - topónimo híbrido. "itabira" + diminut. port. "inha"

Itabirito (Minas Gerais)
Itabuna (Bahia)

Itacambira (Minas Gerais) - aqui "itá" significa "ferro". "ita+acanga+bira": "osso de pedra levantado" (um instrumento de ferro: tenaz, compasso, forquilha)

Itacaré (Bahia) - o mesmo que "Itacaaí"? nesse caso: "pedra santa", "altar"

Itacoatiara (Amazonas) - ver link
Itaeté (Bahia) - à letra: "pedra excelente" (ferro)
Itagi (Bahia) - "cascalho"

Itagibá (Bahia) - à letra: "braço de ferro". é o título de um chefe de tribo

Itagimirim (Bahia) - à letra, pode traduzir-se por "cascalheira miúda", isto é, "uma grande quantidade de pedras pequenas"

Itaguaçu da Bahia (Bahia) - "itaguassu": "itá" (pedra) + "guassu" (grande)

Itaguaçu (Espírito Santo) - à letra: "pedra grande"

Itaguara (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha. à letra: "poço de pedra"
Itaguari (Goiás)
Itaguaru (Goiás)
Itaí - à letra: "rio das pedras"
Itaiçaba (Ceará)
Itaipaba do Grajaú (Maranhão)
Itaitinga (Ceará)

Itajá (Goiás) - à letra: "lugar de muitas pedras". em Portugal: "Cantanhede", "Carregal", "Carregosa"

Itajaí (Santa Catarina) - ver Comentº d'Noronha. à letra: "rio pedregoso"

Itajubá (Minas Gerais) - ver Comentºs. à letra:"pedra amarela" (ouro)

Itaju do Colônia (Bahia) - "itaju": "itá" (pedra) + "ju" (amarela). juntamente com outros topónimos em "itá" e "ju", refere-se à presença de ouro

Itajuípe (Bahia) - à letra: "no rio do ouro"
Itamaraju (Bahia)
Itamarandiba (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha
Itamarati (Amazonas) - à letra: "rio das pedras claras"
Itamarati de Minas (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha
Itamari (Bahia)

Itambacuri (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha

Itambé (Bahia) - à letra: "pedra bicuda", "pedra pontiaguda". variante "Itaimbé"

Itambé do Mato Dentro (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha
Itamogi (Minas Gerais)
Itamonte (Minas Gerais) - topónimo híbrido
Itanagra (Bahia)
Itanhandu (Minas Gerais)
Itanhém (Bahia) - à letra: "pedra falante", "pedra que bota um som"
Itanhomi (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha

Itaobim (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha. o mesmo que "Itaobi": pedra azul ou verde (esmeralda)

Itapagé (Ceará)
Itapagipe (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha

Itaparica (Bahia) - o mesmo que "Itapari". à letra: "curral ou cêrca de pedra". no caso, refere-se a uma frente de recifes que protege a costa

Itapé (Bahia) - à letra: "caminho de pedra". pode ser um trilho fora de água ou dentro de água, e então, neste caso, significa "vau"

Itapebi (Bahia) - à letra: "rio da laje"

Itapeva (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha. à letra "pedra chata" (lage)

Itapecerica (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha. à letra: "pedra escorregadia"

Itapecuru Mirim (Bahia) - ver Itapicuru. "mirim" significa "pequeno"

Itapemirim (Espírito Santo) - à letra: "pequena laje"

Itapetinga (Bahia) - à letra: "pedra cheia de pintas brancas"
Itapeva (Minas Gerais)

Itapicuru (Bahia) - o mesmo que "Itapecuru". "laje formada por caroços ou pequenas bossas"

Itapipoca (Ceará)
Itapira (São Paulo) - à letra: "pedra alta", "penha"
Itapiranga (Amazonas) - como "Itapitanga"


Itapitanga (Bahia) - à letra: "pedra vermelha". o mesmo que "Itapitã"
Itapiuna (Ceará)
Itaporã (Mato Grosso do Sul)
Itapuã (Baía) - "cabo de pedra"
Itapuranga (Goiás) - o mesmo que Itaporanga. à letra: "pedra bonita"
Itaquara (Bahia) - à letra: "cova de pedra", "gruta"
Itaquiraí (Mato Grosso do Sul)
Itaquitinga (Pernambuco)
Itarema (Ceará) - à letra: "pedra malcheirosa" (ferro ; também enxofre)

Itatiaiuçu (Minas Gerais) - ver Comentº d'Noronha

Itatim (Bahia) - à letra: "pedra branca". aqui, "itá" significa pedra mas no sentido de metal. pode ser "gêsso", "prata", "calcário". variante de "Itatinga"

Itatira (Ceará) - à letra: "tubo de pedra" (cano de ferro)

Itaúba (Maranhão, Mato Grosso) - é o nome de uma árvore de madeira muito dura. à letra: "pedra-árvore"

Itaubal (Amapá) - parece palavra híbrida, de "itaúba" + sufixio abund. port. "-al": "lugar onde há muitas itaúbas"

Itauçu (Goiás)

Itaú de Minas (Minas Gerais) - "Itaú": "pedra negra" (pode designar certa variedade de ferro)

Itaúna (Minas Gerais) - o mesmo que "Itaú"

Itaverava (Minas Gerais) - ver "Itaberaba".


Antropotoponímia do Brasil

encerro esta tetralogia com os antropónimos mais simples: pessoas sem "doutor", "coronel", "marechal", "governador", "presidente", "capitão", etc., etc. em muitos casos são os mesmos, mas em muitos outros casos é gente que só a gente deles sabe quem foram.
às vezes é um apelido ou alcunha.
em Portugal, os antropónimos também são frequentes, a maior parte deles já demasiado antigos para que sejam reconhecidos como tal. já os vimos a propósito da toponímia de origem germânica, mas tamém os há de origem romana e árabe. os mais recentes são alcunhas ou apelidos que, em alguns casos, nem sequer se sabe de onde vieram e o que significam. por exemplo, "Pevidém" e "Calhabé". referem-se a duas figuras típicas, daquelas que nada fizeram de especial que lhes recomendasse a posteridade. uma dá nome a uma vila do concelho de Guimarães. a outra designa uma zona da cidade de Coimbra. Pevidém e Calhabé eram dois lugares isolados e sem nome quando a personagem respetiva lá viveu. ir ao Pevidém ou morar no Calhabé significava que nada mais de relevante tinha cada um dos lugares, na altura em que foram nomeados, senão a sua figura típica. o caráter arbitrário mas eufónico dessas alcunhas terá também contribuído para o seu êxito.
o caso do Brasil tem a particularidade do novo. a nós, portugueses, que convivemos há mais tempo com a História, o novo soa um pouco estranho. o inverso se passa com os brasileiros em relação ao velho.
seja como for, os antropónimos, sem mais (isto é, sem polis, lândia, etc), parece que soam melhor.

não sei se vou ignorar antropónimos da toponímia brasileira, pelo simples facto de nem sempre poder reconhecer apelidos ou alcunhas. assim como aposto forte que a imensa maioria dos portugueses não reconhecerá "Pevidém" e "Calhabé" como antropónimos. mas, em matéria de alcunhas ou apelidos brasileiros, agradecerei o contributo dos meus amigos do Brasil.

exemplos de antropónimos:

Abelardo Luz (Santa Catarina) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Afonso Cláudio (Espírito Santo)
Albertina (Minas Gerais)
Alfredo Chaves (Espírito Santo)
Alfredo Vasconcelos (Minas Gerais)

Alfredo Wagner (Santa Catarina) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Amélia Rodrigues (Bahia)
Angélica (Mato Grosso do Sul)

Angelina (Santa Catarina) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Antônio Cardoso (Bahia)
Antônio Carlos (Minas Gerais)
Antônio Dias (Minas Gerais)
Antônio Gonçalves (Bahia)
Antônio João (Mato Grosso do Sul)
Aral Moreira (Mato Grosso do Sul)
Astolfo Dutra (Minas Gerais)
Augusto de Lima (Minas Gerais)
Aurelino Leal (Bahia)
Belmiro Braga (Minas Gerais)
Benedito Leite (Maranhão)
Benjamin Constant (Amazonas)

Bias Fortes (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Cândido Mendes (Maranhão)

Careiro (Amazonas) - alcunha de comerciante? d'Noronha diz que não e explica. ver Comentº

Careiro da Várzea (Amazonas) - ver "Careiro"
Carlos Chagas (Minas Gerais)
Castro Alves (Bahia)
Catalão (Goiás)
Cavalcante (Goiás)
Cezarina (Goiás) - ?
Cícero Dantas (Bahia)
Cláudia (Mato Grosso)
Cláudio (Minas Gerais)

Colatina (Espírito Santo) - Colatina se chamava a esposa do governador que lhe deu o nome

Cristiano Otoni (Minas Gerais)
Cristina (Minas Gerais) - ver Comentº

Delfim Moreira (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Delmiro Gouveia (Alagoas) - ver Comentº de Jolorib
Denise (Mato Grosso)
Diogo de Vasconcelos (Minas Gerais)
Domingos Martins (Espírito Santo)
Edealina (Goiás) - ?
Elói Mendes (Minas Gerais)
Érico Cardoso (Bahia)
Eusébio (Ceará)

Fernandes Tourinho (Minas Gerais) - o sobrenome "Tourinho" é de origem galega. e "Fernandes" pode ser também

Fernando Falcão (Maranhão)
Firmino Alves (Bahia)
Francisco Badaró (Minas Gerais)
Francisco Dumont (Minas Gerais)
Francisco Sá (Minas Gerais)
Godofredo Viana (Maranhão)

Gonçalves (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Humberto de Campos (Maranhão)
Inocência (Mato Grosso do Sul) - ?
Januária (Minas Gerais) - ?
Jerônimo Monteiro (Espírito Santo)
João Dourado (Bahia)
João Lisboa (Maranhão)
João Neiva (Espírito Santo)

João Pinheiro (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Joaquim Gomes (Alagoas)

José Gonçalves de Minas (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha
Lafayette (Minas Gerais) - antiga "Queluz", tira o seu nome de Lafayette Rodrigues Pereira.

Lauro de Freitas (Bahia)

Leopoldina (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Licínio de Almeida (Bahia)

Lima Duarte (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Luís Domingues (Maranhão)

Mamonas (Minas Gerais) - será alcunha? d'Noronha diz que não e explica. ver Comentº

Mâncio Lima (Acre)
Manuel Urbano (Acre)
Manoel Vitorino (Bahia)
Mara Rosa (Goiás)
Mariana (Minas Gerais) - ?
Marcionílio Souza (Bahia)
Mário Campos (Minas Gerais)
Não-Me-Toque (Rio Grande do Sul) - será apelido (alcunha)?
Natércia (Minas Gerais) - ?
Nazário (Goiás)

Olímpio Noronha (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha

Pancas (Espírito Santo) - será apelido (ou alcunha)? d'Noronha diz que não e explica. ver Comentº

Paulino Neves (Maranhão)
Paulo Afonso (Bahia)
Paulo Cândido (Minas Gerais)
Paulo Jacinto (Alagoas)
Paulo Ramos (Maranhão)
Pedrão (Bahia) - será antropónimo?
Pedro Alexandre (Bahia)
Pedro Canário (Espírito Santo)
Pedro Leopoldo (Minas Gerais)
Pedro do Rosário (Maranhão)
Pedro Teixeira (Minas Gerais)
Pescador (Minas Gerais) - será alcunha (ou apelido)?
Rafael Jambeiro (Bahia)
Santos Dumont (Minas Gerais)
Sebastião Laranjeiras (Bahia)
Tasso Fragoso (Maranhão)
Teófilo Otoni (Minas Gerais) - ver Comentºs
Teotônio Vilela (Alagoas)
Trombas (Goiás) - será alcunha?
Urbano Santos (Maranhão)
Virgínia (Minas Gerais) - ver Comentº
Vitorino Freire (Maranhão)

Wenceslau Brás (Paraná) - ver Comentº Paulo Brabo

Wenceslau Braz (Minas Gerais) - ver Comentº. contributo de Luís Felipe Noronha. também aparece grafado "Wenceslau Brás" (Paraná)

Wenceslau Guimarães (Bahia)
Zé Doca (Maranhão) - penso que será alcunha


segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Monsenhor, Coronel, Deputado e Senador

a toponímia brasileira consagra um sem-número de figuras que em vida se destacaram ao menos na sua região específica. este procedimento não está isento de riscos, já que os heróis de ontem e de hoje passam com facilidade a vilões de amanhã. e se botar o nome de alguém a uma rua ou avenida já é o que se vê, agora imaginem botar o nome de alguém numa cidade... mas, enfim, pode bem ser que no Brasil o bom nome das pessoas de destaque perdure mais para sempre do que noutras bandas do mundo.

alguns exemplos:

Capitão Andrade (Minas Gerais)
Capitão Enéias (Minas Gerais)
Comendador Gomes (Minas Gerais)
Cônego Marinho (Minas Gerais)
Conselheiro Lafaiete (Minas Gerais)
Conselheiro Pena (Minas Gerais)
Coronel Fabriciano (Minas Gerais)
Coronel João Sá (Bahia)
Coronel Murta (Minas Gerais)
Coronel Pacheco (Minas Gerais)
Coronel Sapucaia (Mato Grosso do Sul)
Coronel Xavier Chaves (Minas Gerais)
Deputado Irapuan Pinheiro (Ceará)
Governador Archer (Maranhão)
Governador Edson Lobão (Maranhão)
Governador Eugênio Barros (Maranhão)
Governador Lindenberg (Espírito Santo)
Governador Lomanto Júnior (Bahia)
Governador Luiz Rocha (Maranhão)
Governador Mangabeira (Bahia)
Governador Newton Bello (Maranhão)
Governador Nunes Freire (Maranhão)
MajorIsidoro (Alagoas)
Marechal Deodoro (Alagoas)
Marechal Floriano (Espírito Santo)
Marechal Thaumaturgo (Acre)
Monsenhor Tabosa (Ceará)
Padre Bernardo (Goiás)
Presidente Bernardes (Minas Gerais)
Presidente Dutra (Bahia, Maranhão)
Presidente Figueiredo (Amazonas)
Presidente Jânio Quadros (Bahia)
Presidente Juscelino (Maranhão)
Presidente Kennedy (Espírito Santo)
Presidente Médici (Maranhão)
Presidente Olegário (Minas Gerais)
Presidente Sarney (Maranhão)
Presidente Tancredo Neves (Bahia)
Presidente Vargas (Maranhão)
Professor Jamil Safady (Goiás)
Senador Alexandre Costa (Maranhão)
Senador Guiomard (Acre)
Senador La Roque (Maranhão)
Senador Rui Palmeira (Alagoas)

domingo, 3 de dezembro de 2006

As "Lândias" Brasileiras

Jo Lorib nem me deixa respirar. tenho que falar de "-lândias", já.
a história é a mesma das "-polis". e se "polis" vem do grego e quer dizer "cidade", "land" vem das línguas germânicas e quer dizer "terra", "terra de...", "país de...", como "Nederland", "Deutschland", "England", "Groenland", etc.
como se vê, "land" é uma designação mais própria para regiões ou países do que, propriamente para cidades ou vilas.


exemplos:

Abreulândia (Tocantins)
Açailândia (Maranhão)
Acrelândia (Acre)
Adelândia (Goiás)

Aloândia (Goiás) - nome irregular. a terminação correcta seria "-lândia" e não "-ândia". ou terá outra explicação?

Anaurilândia (Mato Grosso do Sul)
Andrelândia (Minas Gerais)
Angelândia (Minas Gerais)
Brasilândia (Mato Grosso do Sul)
Brejolândia (Bahia)
Cassilândia (Mato Grosso do Sul)
Castelândia (Goiás)
Catolândia (Bahia)
Cidelândia (Maranhão)
Cravolândia (Bahia)
Crucilândia (Minas Gerais)
Damolândia (Goiás)
Doverlândia (Goiás)
Epitaciolândia (Acre)
Felixlândia (Minas Gerais)
Funilândia (Minas Gerais) - (este é um bom enigma)

Hidrolândia (Goiás) - neologismo híbrido, poderia ser "Hidropólis" ou "Vaterlândia". mas não é, e fica assim

Inaciolândia (Goiás)
Israelândia (Goiás)
Ivolândia (Goiás)
Joselândia (Maranhão)
Marcelândia (Mato Grosso)
Marilândia (Espírito Santo) - Cf. "Mariápolis" e "Maryland" (EUA)

Materlândia (Minas Gerais) - topónimo híbrido, de lat. mater e germ. land: à letra: "terra mãe". poderia ser "Mátria" ou "Muterlândia", para ter uma formação mais consistente. mas, na era das palavras híbridas, será um pecado menor

Maurilândia (Goiás)
Medicilândia (Pará)
Mozarlândia (Goiás)
Niquelândia (Goiás)
Nortelândia (Mato Grosso)
Nova Brasilândia (Mato Grosso)
Ourilândia do Norte (Pará)
Portelândia (Goiás)
Rondolândia (Mato Grosso)
Sanclerlândia (Goiás)
Serrolândia (Bahia)
Sidrolândia (Mato Grosso do Sul)
Simolândia (Goiás)
Tailândia (Pará)
Teofilândia (Bahia)
Teolândia (Bahia)
Turilândia (Maranhão)
Turvelândia (Goiás)

sábado, 2 de dezembro de 2006

As "Polis" do Brasil

em muitos lugares do Brasil o povoamento é tão recente que nem deu tempo de esperar pelo nome. desse jeito, houve que recorrer à palavra grega "polis" (cidade) e colar atrás a primeira coisa que veio à cabeça: o nome de uma pessoa, um desejo, uma qualidade, uma estação do ano, um característica do local, sei lá. de um modo geral, "polis" vem sob a forma "-ópolis", mas há (muito poucos) casos em que vem sob a forma "-ápolis". com excepção de uns quantos exemplos, a criação linguística soa um tanto forçada. alguns Estados do Brasil, que não têm "polis", devem ser da minha opinião: mais valia ter esperado pelo nome a sério...
mas não se magoem os meus amigos brasileiros: o pior que poderia acontecer a uma cidade seria não ter nome nenhum.

exemplos:

Adrianópolis (Paraná)
Aguiarnópolis (Tocantins)
Alcinópolis (Mato Grosso do Sul)
Alpinópolis (Minas Gerais)
Alvinópolis (Minas Gerais)
Amorinópolis (Goiás)
Anápolis (Goiás)
Areiópolis (São Paulo)
Augustinópolis (Tocantins)
Avelinópolis (Goiás)
Bonfinópolis de Minas (Minas Gerais)
Borrazópolis (Paraná)
Brasópolis (Minas Gerais)
Buenópolis (Minas Gerais)
Buritinópolis (Goiás)
Caetanópolis (Minas Gerais)
Campinápolis (Mato Grosso)
Canápolis (Bahia)
Canápolis (Minas Gerais)
Carlópolis (Paraná)
Carmópolis (Sergipe)
Carmópolis de Minas (Minas Gerais)
Carvalhópolis (Minas Gerais)
Crisópolis (Bahia)
Cristópolis (Bahia)
Cristianópolis (Goiás)
Cristinápolis (Sergipe)
Darcinópolis (Tocantins)
Davinópolis (Goiás, Maranhão)
Delfinópolis (Minas Gerais)
Deodápolis (Mato Grosso do Sul)
Dianópolis (Tocantins)
Divinópolis (Minas Gerais, Tocantins)
Divinópolis de Goiás (Goiás)
Doresópolis (Minas Gerais)
Emilianópolis (São Paulo)
Esperantinópolis (Maranhão)
Eugenópolis (Minas Gerais)
Eunápolis (Bahia)
Fernandópolis (São Paulo)
Firminópolis (Goiás)
Florestópolis (Paraná)
Florianópolis (Santa Catarina) - de "Floriano Peixoto". ver Comentº
Francinópolis (Piauí)
Franciscópolis (Minas Gerais)
Goianápolis (Goiás)
Heliópolis (Bahia)
Indianópolis (Minas Gerais)
Itainópolis (Piauí)
Janiópolis (Paraná)
Jardinópolis (São Paulo)
Jesúpolis (Goiás)
Joanópolis (São Paulo)
Junqueirópolis (São Paulo)
Lacerdópolis (Santa Catarina)
Leópolis (Paraná)
Lucianópolis (São Paulo)
Lupionópolis (Paraná)
Luzinópolis (Tocantins)
Mantenópolis (Espírito Santo)

Mariápolis (São Paulo) - é dos poucos topónimos deste grupo terminados em "-ápolis". deve-se a que o primeiro elemento da palavra é feminino. será? e "Mirandópolis"?

Marinópolis (São Paulo)
Marianópolis do Tocantins (Tocantins)
Marizópolis (Paraíba)
Marmelópolis (Minas Gerais)
Martinópole (Ceará) - forma mais aportuguesada que "Martinópolis". ver "Solonópole"
Martinópolis (São Paulo)
Mesópolis (São Paulo)
Mirandópolis (São Paulo)
Monteirópolis (Alagoas)
Mutunópolis (Goiás)
Neropólis (Goiás)
Palminópolis (Goiás)
Palmópolis (Minas Gerais)
Pedrinópolis (Minas Gerais)
Petrópolis (Rio de Janeiro)
Pintópolis (Minas Gerais)
Pirenópolis (Goiás)
Quirinópolis (Goiás)
Quiterianópolis (Ceará)
Rianápolis (Goiás)
Ribeirópolis (Sergipe)
Ritápolis (Minas Gerais)
Rondonópolis (Mato Grosso)
Rorainópolis (Roraima)
Rurópolis (Pará)
Sabinópolis (Minas Gerais)
Salesópolis (São Paulo)
Salinópolis (Pará)
Santanópolis (Bahia)
Santópolis do Aguapeí (São Paulo)
Serranópolis (Goiás)
Sertanópolis (Paraná)
Silvanópolis (Tocantins)

Solonópole (Ceará) - aqui a "-polis" está mais adaptada à língua, como em "metrópole" ("cidade-mãe", ou "mátria" - como diria Natália Correia). ver "Martinópole"

Suzanápolis (São Paulo) - ver "Mariápolis"
Teixeirópolis (Rondônia)
Tocantinópolis (Tocantins)
Ulianópolis (Pará)
Veranópolis (Rio Grande do Sul)
Vianópolis (Goiás)
Vicentinópolis (Goiás)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Glorioso 1º de Dezembro de 1640

I

à tremenda revolta da Catalunha responde Filipe IV com o abandono da guarnição militar em Portugal. e ao chefe do Governo de Lisboa, Miguel de Vasconcelos, deixam-no os de Madrid miseravelmente estantío, só e impotente. meia dúzia de fidalgos de opereta entram à vontade no terreiro e no palácio. descobrem Vasconcelos dentro de um armário. agarram com denodo no coitado e botam-no à rua por uma das janelas. enquanto a revolta catalã era esmagada.
esta gloriosa façanha, difícil de igualar em valentia e desprezo pelo risco, é lembrada ainda hoje, de ano em ano, no primeiro de Dezembro. faz agora 366 anos de bolor e naftalina.
mas é que dá jeito. é um feriado bonito. sobretudo quando calha à sexta ou à segunda. ou mesmo à quinta e à terça.

II

propriamente, esta data deveria ser comemorada pelos de Madrid. é que nom há possibilidade de uma Espanha Unitária sem a existência de um Portugal Independente. vamos por partes: o País Basco está dividido entre Espanha e França. a Catalunha está dividida tamém entre França e Espanha. e a velha naçom galego-portuguesa está por sua vez dividida entre Espanha e Portugal. sem a experimentada divisão das três nações periféricas, nom há unidade da Espanha que resista.


III

...e por que tem a Espanha que ser unitária? por que tem a Espanha que aferrar-se aos tempos tenebrosos dos Reyes Católicos e ao consulado medonho de Francisco Franco? valem a unidade de Espanha as fogueiras, os fuzilamentos, as deportações e o garrote? valem a unidade de Espanha a miserável perseguição dos costumes populares, das culturas e das línguas, dos judeus e dos intelectuais e artistas?
como conceito geográfico, a Espanha é uma só. é outra forma de dizer Península Ibérica. e parte dela somos nós tamém, os portugueses. mas como agregante étnico, cultural e linguístico, a Espanha é, e foi sempre, uma realidade plural. apesar dos terríveis intervalos de unidade à força. mas talvez esteja próximo o retorno àquela Espanha múltipla, livre e igualitária, separada, federada ou confederada pela vontade de todos, por que tanta gente tem lutado, ou simplesmente morrido, ao longo da História.