quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Castelos e Castros Mil



em geral estes topónimos testemunham uma presença humana muito antiga, anterior aos romanos e aos celtas. são o indício dos primeiros povoados ou castros formados por habitações resistentes ao passo dos milénios. do ponto de vista tecnológico, esses povoados pertenciam ao que se convencionou chamar a Idade do Ferro. localizados em pontos altos e cercados por uma ou mais linhas de muralha, criaram imensas dificuldades aos sucessivos invasores.


Castelimo
Castelinho

Castelo da Maia (pronúncia: "Castêlo da Maia")

Castelo Velho

Castendo
Castragosa

Castrelo - diminutivo de Castro
Castrelos (Pt.) - (procure "freguesias")

Castrilhão
Castro da Cidá (Gz.)
Castro d'Aire
Castro da Ponte
Castro de Avelãs (Pt.)

Castro de Rei (Gz.) - segundo julgo saber, a maneira de dizer do povo é "Castro do Rei", com utilização do artigo definido.

Castromao (Gz.) - ver Castro Mau
Castro Marim
Castromaior (Gz.)
Castro Mau

Castromil - parece mas não é. pertence aos topónimos germânicos terminados em "-mil". parece uma forma alternativa de Crestomil e Creixomil. a evolução fonética para "Castro" e "Crasto" pode ter sido influenciada pela vizinhança de topónimos em "Castro".

Castrovães
Castro (Pt., Gz. e Br.)
Castro Verde (Pt. e Gz.) - verde= velho
Crasto
Crastomil - ver Castromil
Crestuma - de "Castrumia": "castro do Umia ou Uima" ("Uima": o ribeiro que lá passa)
Monte Castêlo


terça-feira, 22 de agosto de 2006

Topónimos Terminados em "-eses" ou "-ezes"



os topónimos terminados em "-eses" ou "-ezes" referem-se, regra geral, à proveniência geográfica da população que lhe deu o nome. a terminação "-eses", de origem leonesa (como "portugueses", "franceses", "ingleses") indica que o topónimo - bem como a migração populacional a que se refere - é da época medieval tardia. a terminação "-ense", hoje mais usada, embora linguisticamente menos evoluída, é de origem recente e foi introduzida pelos eruditos. de tal jeito que toda a gente que se preza é alguidarense, parvalheirense e assim por diante.
"-eses" é a evolução galego-portuguesa e leonesa para a terminação latina "-ensis". assim sendo, a grafia correcta será "-eses". no entanto, até não há muito tempo, escrevia-se "portuguezes", "francezes", "inglezes", "chinezes", sem que daí viesse mal de maior à segurança pública - e sem que esta nota constitua um incentivo a que se escreva à vontade dos fregueses.
estou para saber como se auto-denominam os habitantes de "Abraveses", "Astureses", "Cambeses". e assim por diante. será "abravesenses", "asturesenses", "cambesenses"? se assim for, é um curioso pleonasmo.

exemplo de topónimos em "-eses":

Abraveses ou Abravezes (Pt.) - como a terra em si tem uma longa História, o topónimo corresponde a um re-povoamento, por gente oriunda de "Abrav..."

Astureses (Gz.) - gente oriunda das Astúrias. com o mesmo significado existe "Estorãos" (Pt.)

Cambeses (Pt. e Gz.) - gente oriunda de "Camb..." como há vários topónimos em "Cambas" (Cambas, Ribeira de Cambas, Santana de Cambas, Vilarinho de Cambas,...) e existe "Cambás" (Gz.), todos muito antigos, é difícil saber a qual deles se refere o termo "Cambeses", embora a origem mais nortenha seja a provável. com o mesmo significado existem os topónimos Cambões (Pt.) e Cambeiros (Pt. e Gz.) - palavras que, retiradas do seu contexto toponímico, significam outra coisa.

Canaveses -

Gemeses ou Gemezes (Pt.) - gente oriunda de Gemes (Pt.) ? este topónimo está ainda longe de ser pacífico.

Guilhadeses (Pt) - gente oriunda de Guilhade, na Galiza

Lanheses (Pt.) - gente oriunda de Lanhas. há Lanhas em Portugal e na Galiza. a proveniência galega é a provável. ou será gente oriunda de Lanha (Gz.)?

Marco de Canaveses (Pt.) - ver Canaveses

Meneses ou Menezes (Pt.) - gente oriunda de Mena (Astúrias, Es.)

Merideses ou Meridezes (Pt.) - gente oriunda de Mérida (Extremadura, Es.). com o mesmo significado existe "Meridãos" (Pt.).

Repeses ou Repezes
Urgeses ou Urgezes (Pt.) - ver Comentº.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

A Ilha das Três Indústrias

é uma ilha muito, muito antiga, povoada ininterruptamente desde a Idade da Pedra. a sua toponímia revela vestígios das línguas mais antigas do planeta e os seus campos ainda mostram antas e menires, inúmeras grutas e desfiladeiros escondem antigos rituais, pinturas rupestres, desenhos misteriosos. gente de um fino humor povoa a ilha.
sempre o povo utilizou armas, tomou chás, bebeu cerveja, sidra e vinho, fumou ervas, soube usar o fogo. tudo isso na exata medida do necessário, a contenção devida, a noção do perigo associado. porque os acidentes sempre podem aparecer quando se usa uma arma, quando se usa uma droga, quando se usa o fogo.
mas eis que,de repente, a ilha foi invadida por gente sem nome nem rosto. o povo sabe que "eles" chegaram, mas não sabe quem são, como são, onde moram. apenas que estudaram os três costumes da ilha e com eles montaram três indústrias. que, aliás, ninguém sabe aonde funcionam.
ninguém os vê fabricar o que fabricam nem vender o que vendem. mas o negócio parece próspero.
começaram a surgir armas na ilha. é claro que armas sempre houve, mas não como aquelas, tão modernas e mortíferas. a gente, até aí cordata e de fino trato, começou a resolver questões recorrendo às novas armas. o número de efetivos policiais aumentou, para tentar travar a onda de crimes. a população prisional cresceu também, por via da criminalidade, e o recrutamento de guardas de cadeia aumentou em flecha. e isso foi achado bom. aumentou o emprego e fez desenvolver a economia da ilha. os agentes policiais e guardas de cadeia tinham agora geladeira, televisão e um carrinho em bom estado. as autoridades pensaram que seria melhor legalizar as armas. haveria mais crimes, mais prevenção, mais repressão, mais o que fazer com gente presidiária. haveria mais emprego e mais pessoas poderiam comprar televisão, carro em bom estado e, talvez, um telefone portátil.
a droga também começou a aparecer pela ilha. drogas sempre a ilha tinha conhecido, mas não tão modernas, de efeito tão forte ou de uso tão à descrição. isso tornou-se evidente pelo comportamento estranho de muita gente, sobretudo jovens. andavam doentes, macilentos, delirantes, sem rumo, necessitados de um cuidado qualquer. e isso foi achado bom. surgiram clínicas, com médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de secretaria, telefonistas, professores de ginástica, terapeutas ocupacionais, diretores-gerais, chefes de divisão, pregadores e mesmo charlatães. nunca na ilha tinha havido tanto emprego nem de tanta qualidade. as pessoas agora já tinham computador, televisões plasma, carros novos e telefones portáteis de terceira geração. nunca tal ilha tinha atingido um tão faustoso bem-estar.
as autoridades pensaram que seria melhor legalizar as drogas. haveria mais consumo, mais doentes, mais gente perdida. haveria mais clínicas, mais salas de pregação, mais prevenção, mais reabilitação e, por via disso, mais emprego. e mais pessoas poderiam comprar carro novo, aparelhagem de televisão tipo cinema em casa, telefones de terceira geração e acções na Bolsa.
finalmente, chegaram os incêndios. é claro que fogos sempre tinha havido naquela ilha, por aqueles motivos vulgares, artesanais, que todo o mundo sabe. mas nunca desses fogos científicos, de elevada tecnologia e dimensão de catástrofe. cidades inteiras foram rodeados de chamas, de fumo e de vento assustador. e isso foi achado bom. surgiram aviões enormes, helicópteros, carros de combate ao fogo, escadas magirus de último modelo. nunca na ilha se vira uma coisa assim. pessoas houve que tiveram emprego como simples vigilantes de floresta, outras como bombeiros, outras ainda como pilotos, motoristas, sapadores. a ilha foi filmada de lés a lés por várias cadeias de televisão e as fotografias por satélite mostravam as cidades e aldeias rodeadas de manchas escuras de desolação. alguns compravam agora terrenos devastados por um quarto do preço para depois vender por dez vezes mais. e assim compravam vivendas de luxo e um iate para movimentar os portos. e tudo isso foi achado bom.
as autoridades pensaram legalizar os fogos. haveria mais incêndios, mais movimento de aviões e de helicópteros, mais carros de combate aos incêndios, mais prejuízos, mais seguros, mais vigilantes da floresta, mais polícias e guardas no terreno. e as pessoas poderiam sonhar com vir a ter uma vivenda, um mercedes, um barco num dos portos.
talvez legalizando tudo isso se pudesse saber quem faz o quê. e se pudesse cobrar uma receita fiscal nunca imaginada. e com essa riqueza se pudesse levantar uma Civilização nova e faustosa, que ofuscasse todas as obras e monumentos do passado. seria mais tarde - pensavam - conhecida como a Gloriosa Civilização da Ilha das Três Indústrias.
e quando a ilha estava atingindo o topo de sua fulgurante economia, eis que um não previsto fenómeno ocorreu. os seus habitantes desapareceram, passados pelas armas, sumidos pelas drogas, queimados pelas chamas. e o fogo rasou a terra e tudo o que nela havia: não ficou de pé nem geladeira nem carro em bom estado, nem telefone de terceira geração, nem iate no porto. todos os empregos ficaram vagos. o dinheiro já não teve mais ninguém que o usasse. ninguém chegava na ilha por porto ou aeroporto, pois já não valia a pena chegar em nenhum sítio.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Fornos



a maior parte dos topónimos "Fornos" e derivados refere-se à produção de cal. em alguns deles há uma continuidade evolutiva histórica e tecnológica que manteve a atividade extratora e transformadora até aos dias de hoje.



Alfornelos
Fornaria
Fornelos (Pt. e Gz.)
Fornelos de Montes (Gz.)
Forninhos
Fornos
Fornos de Algodres
Fornos de Maceira d'Ão

alguns "fornos" tenhem outra origem. ver Comentº de Capeloso e resposta

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Águas, Banhos, Caldas e Termas


desde a mais remota antiguidade que os seres humanos estabelecem uma relação particular com estas emanações da terra. a estas águas, com caraterísticas físicas e químicas fora do padrão comum, foi atribuída uma proveniência divina, com propriedades terapêuticas que reportam ao reino do sagrado. o qualificativo de "santa" ou o padroado de uma divindade pagã, de um anjo, de um santo ou de uma santa são muito frequentes no mundo termal. um reino ambíguo e ambivalente, em que o que hoje cura pode matar amanhã. neste processo tem a palavra o psiquismo mais profundo, que pode determinar o apogeu e a queda de uma estância termal. as mesmas termas podem hoje curar doenças difíceis de tratar, como podem amanhã constituir um perigo para a saúde. o exemplo de Águas Radium, em Caria, é apenas um entre muitos. ali, a descoberta dos malefícios da radioatividade instilou o medo que fez passar para plano inferior os benefícios terapêuticos da mesma radioatividade. noutros casos, a perda da crença, ou o desaparecimento dos crentes, fez perder a virtude curativa. noutros casos ainda, dá-se um súbito renascer do potencial de cura de uma certa fonte.
de início, todas as caldas, termas e fontes eram gratuitas e ao ar livre. mas os Impérios e os Estados sempre procuraram controlar esses lugares de culto e de cura, acrescentando-lhes uma envolvência de lazer e de prazer do espírito e do corpo (*). os Gregos, os Romanos, os Árabes, os Reis e as Repúblicas construiram edifícios e parques em redor dos quais nasceram cidades importantes ou se arrumaram povoações que, de outro modo , não teriam surgido. a toponímia ainda nos revela, aqui e além, a intervenção dos poderosos no reino das águas: Caldas da Rainha, Caldas de Reis, Caldas do Bispo, Chaves, Termas da Imperatriz...

"Termas" (do grego) e "Caldas" (do latim) são sinónimos. significam "(águas) quentes".
hoje em dia as termas tornaram-se um destino interessante para gente urbana a contas com o stress e maleitas associadas.


uma tentativa de listagem das termas galegas, portuguesas e brasileiras deverá incluir:

Águas de Chapecó (Br.) - Chapecó pronuncia-se à maneira galego-minhota: "tchapecó". parece significar "carreiro", "trilha", "sendeiro", caminho no mato

Águas de Lindóia (Br.)
Águas do Alardo
Águas Mornas (Br.)

Águas Radium (Pt.)- abandonadas pela sua excessiva radioatividade. nota: onde no link se diz "Curia", deve querer dizer-se "Caria" - freguesia a que pertence a aldeia de "Quarta-Feira" em que se situam as termas

Alcafache (Pt.)
Arnoia (Gz.)
Arteixo (Gz.)
A Sulfúrea (Pt.)
A Toxa (Gz.)
Banho (Pt.)

Baños (ou Banhos - g.i.) de Bande (Gz.) - estão desativadas estas termas, que foram importantes na época romana sob o nome de "Aquis Querquennis", isto é, "as termas dos Kwerkenoi", nome de uma tribo galaica. estavam no trajeto da estrada romana de Braga a Astorga. a divindade tutelar local, Bandua, perpetua-se no topónimo atual.

Baños (ou Banhos - g.i.) de Molgas (Gz.)
Brión (Gz.)
Burga do Muiño (Gz.) - grátis, ao ar livre
Burgas (Gz.)
Caldas da Cavaca
Caldas da Rainha (Pt.)
Caldas da Saúde (Pt.)
Caldas das Taipas

Caldas de Aregos (Pt.) - povoado pré-romano, com o nome da tribo que o habitava ("Arecos")

Caldas de Barbalho (Br.)
Caldas de Moledo
Caldas de Reis (Gz.)
Caldas de S. Jorge (Pt.)

Caldas de Vizela (Pt.) - (ver no enlace a homepage de Sara Abreu). sobre "Vizela" ver post "Hidrónimos ou Nomes de Rios"

Caldas do Bamburral (Br.)
Caldas do Bispo (Gz.) - ver "Chavasqueira"
Caldas Novas (Br.)
Caldelas - é diminutivo de "Caldas"
Caldelas de Tui (Gz.)

Cambuquira (Br.) - de "caá" (planta, folha) + "ambyquyra" (grelo, rebento). é palavra tupi-guarani que significa "grelo, rebento ou broto de planta rasteira, nesse caso "abóbora". lugar (úmido) onde há abóboras. tamém pode significar "(lugar onde há) mato rasteiro"

Carballo (ou Carbalho - g. i.) (Gz.)
Carvalhal
Carvalhelhos (Pt.) - ou "Caldas Santas de Carvalhelhos"
Castelo de Vide

Caxambu (Br.) - ver Comentº. "Cachambú" não é tupi-guarani, mas sim de uma língua africana (?)

Chavasqueira (Gz.)- tamém chamadas "Caldas do Bispo"

Chaves (Pt.) - cidade fundada em 78, deve o seu nome às "águas" e ao imperador romano da gens "Flavia", Tito Vespasiano, que a fundou. seu nome latino: "Aquis Flavis". como Aquis Querquernis (Banhos de Bande), estavam situadas no trajeto da estrada romana de Braga a Astorga.

Curia (Pt.) - as antigas Acquae Curiva
Entre-os-Rios -
Fadagosa (Pt.) -
Felgueira (Pt.) -
Fervença(Pt.) -
Guitiriz (Gz.)  -
Laias (Gz.)  -

Lambari (Br.) - do tupi-guarani "arambaré": "o longe brumoso", "a distância enevoada". em tupi-guarani não existem os sons "l" nem "lh"

Lobios (Gz.)

Longroiva (Pt.) - "Longroiva" parece derivar de "Lango Briga", palavra híbrida com "lango" pré-céltico e "briga" ("monte fortificado", "monte forte" ou "monforte") de origem celta

Lugo (Gz.) - os primeiros edifícios públicos datam do Império Romano - séc. I

Luso (Pt.) - "Luso" parece uma palavra pré-céltica, que significa "lugar alto"

Manteigas  -
Melgaço  -
Monção  -
Monchique  -
Mondariz (Gz.)  -
Monte Real (Pt.) -
Niza (Fadagosa)  -

Ourense (Gz.) - ver "Burgas". merecem ser vistas as fontes do Fervedoiro, ao ar livre (Burga de Abaixo)

Outariz (Gz.) - em recuperação. ao ar livre
Pedras Salgadas
Piratuba (Br.)- de "pira" (peixe) + "tyba" (muito): "lugar onde há muito peixe"
Poços de Caldas (Br.)
Quilombo (Br.)
Rio do Pouso (Br.)
Sangemil (Pt.) - ver post "Topónimos Terminados em "-mil"

S. Gemil - designação equívoca, já que não existe nenhum santo chamado "Gemil". ver "Sangemil"

S. João do Sul (Br.)
S. Pedro do Sul
Termas da Imperatriz (Br.)
Termas da Ladeira de Envendos (Pt.)
Termas da Piedade - ver "Fervença"

Termas de Araxá (Br.) - à letra, "araxá" significa "a vista do mundo", equivalente a "bela vista"

Termas de Cró (Pt.) - abandonadas. é possível que "Cró" tenha origem celta, como "Cro-Magnon" (Fr.), e signifique "mina", "gruta". dizer ou escrever "Termas do Cró" é totalmete arbitrário

Termas de Monfortinho (Pt.) - tem a "Fonte Santa"

Termas do Gravatal (Br.)
Tinteiro (Gz.)
Touca - águas sulfúreas

Treze Tílias (Br.) - no Estado de Santa Catarina, em ambiente do Tirol austríaco

Verin (ou Verim - g.i.) (Gz.)
Vidago
Vimeiro

...................................................................
(*) uma nota a quem procure Termas no Brasil: além das estâncias termais de que estamos falando, pode encontrar outra coisa (sauna, relax, diversão erótica, massagem, enfim, todo um mundo de oportunidades para vários gostos e feitios).

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Topónimos Terminados em "-ões"



estes topónimos têm diversas origens: uns referem-se a fenómenos migratórios, em geral sob a hégide de monarcas em urgência de repovoar o reino (ver post "Topónimos Relacionados com Migrações); outros são genitivos de antropónimos, indicando a quem pertencia a respectiva propriedade; outros, ainda, são (?) plurais de substantivos em "-ão". como na Galiza não se dá a nasalação em ões, estes topónimos só ocorrem em Portugal.

Adões - parece o genitivo de "Ado", antropónimo germânico
Alfolões -
Arengões - gente oriunda de Arenga

Arões - se é o genitivo de "Aaron" (Aarão), indica que o senhor destes lugares seria judeu. mas será? a pronúncia, tanto quanto sei, é com a fechado e não "Àrões". e, se não é o genitivo de um antropónimo, indica gente proveniente e uma terra ou região cujo nome contém a palavra "Aro" (de origem pré-céltica).

Avões
Azões - (?)
Cabanões - gente oriunda de Cabanas (qual?)
Castelões - gente oriunda de Castela
Cavalões
Ceidões - gente vinda de Ceide
Coimbrões - gente oriunda da região de Coimbra
Donões -
Esporões
Fajões
Famões
Farilhões

Feirões - será gente oriunda da Feira? de qual, se este topónimo existe tanto no Norte de Portugal como na Galiza?

Fermentões
Ferrões - será gente oriunda de Ferro?
Gasparões - (?)

Gatões - pode ser gente oriunda de "Gato", topónimo muito frequente na Galiza e em Portugal. (também existe no Brasil por transposição). pode ser equivalente ao topónimo "Gatios". a relação com o animal doméstico "gato" não me parece admissível, pois gatos há-os em toda a parte e arredores.

Lafões
Leitões - (?)
Limões - gente oriunda do vale do rio Lima
Marcões - gente oriunda de Marco (vários)
Melcões
Midões - genitivo de "Mido"
Mões - (?)
Mourilhões - gente oriunda de "Mourilhe"?
Mourões - gente oriunda de "Moura", ou de "Moure"?

Negrões - etimologia pouco clara. de "Nigrán" (Gz.) ? ver "Negrelos", no post "Topónimos terminados em -elos"

Nevões - topónimo de evolução irregular, já que seu nome anterior era "Nevoanes". se a realidade desse ouvidos aos eruditos, a terra chamar-se-ia "Nevoães". influência de um topónimo próximo em "-ões", ou má transcrição fonética?

Novões - será "gente oriunda de Nóvoa (Gz.)" ?
Pendões

Rebordões - possivelmente será equivalente aos topónimos "Rebordãos", "Rebordainhos" e "Rebordeiros", indicando gente oriunda de ... (...será "Rebordo"?)

Segões
Seidões - gente de Seide?
Tedões - genitivo de um antropónimo, "Tedo", possivelmente germânico
Telões - genitivo de "Telo"
Tenões
Terrões
Toulões
Vascões - gente do País Basco

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Minas, Minerais e Mineração



desde muito longe no tempo, o homem procurou as jazidas de metais. navios e caravanas percorreram milhares de quilómetros em demanda do ferro, do cobre, do estanho, do ouro, da prata e do carvão que alimentaram as civilizações da borda mediterrânica: Creta, Egipto, Grécia, Roma e Islão. o ocidente, em especial o eixo atlântico Galiza-Portugal, foi sempre um especial destino dessa busca. mas não fomos apenas meros extratores da matéria-prima, por conta de clientes estrangeiros. o Norte de Portugal e a Galiza albergaram também os lugares da sua transformação: ourives, prateiros, ferreiros, artesãos do cobre e do estanho construiram escola e tradição própria, de que são testemunho ainda vivo alguns lugares do Noroeste. em Portugal, Febres, Gondomar e a tradição da filigrana e das arrecadas minhotas dão boa conta de si.
um lugar à parte fica reservado para Santiago de Compostela, lugar de transformação da matéria e do espírito.
a presença de metais, de minas, de restos de mineração, de escória, enfim, de vestígios dessa extração, transformação e comércio, deixou marcas na Toponímia, assim como na Onomástica (sobrenomes "Ferreiro" - Gz. -, "Mineiro", "Prata", "Pratas", ...).
uma vez aberto ao estabelecimento de colónias europeias, o Brasil logo se revelou como um novo e prodigioso destino na busca de minérios, metais e pedras preciosas. a toponímia brasileira de origem portuguesa tem larga participação de palavras que se referem à mineração, desde pequenos lugares até cidades e ao nome de grandes Estados.


Abrantes (?)- ver Comentº
Alfarela (?) - vocábulo relacionado com "barro" ou terreno com sedimentos

Alfarela de Jales - as minas de Jales forneceram muito ouro às civilizações do Mediterrâneo

Alfarelha - ver "Alfarela"
Algar - do árabe: barroca, caverna, cova, escavação(*)
Algares - plural híbrido de al-gar(*)
Algueirão - de árabe (plural de al-gar): covas, galerias, escavações(*)
Almada - do árabe al-ma'adanâ: mina, minério
Almada de Ouro - ver "Almada"
Almadanim - variante dialectal de "Almada"
Almadeina - variante dialectal de "Almada"
Almádena - variante dialectal de "Almada"
Alumínio (Br.) - ver Comentº
Argirita (Br.) - ver Comentº
Barroca Grande
Berilo (Br.)
Caverna (Pt. e Br.) - algumas minas de estanho tenhem este nome
Cavernas (Pt. e Br.) - ver "Caverna"
Conceição dos Ouros (Br.) - ver Comentº
Cova dos Mouros
Covilhã (?)
Crisólita (Br.) - ver Comentº
Escorais
Escoura - o mesmo que "escória"
Escoural - de "escória". em castelhano: "Escorial"
Escourão
Escouras - o mesmo que "escórias"
Escoureda (Pt. e Gz.)
Escouredo (Pt. e Gz.)

Ferradal (Pt. e Gz.) - local onde há minério de ferro. o mesmo que "Ferral"

Ferral (Pt. e Gz.) - ver "Ferradal"
Ferraria (Pt., Gz. e Br.) - local de extracção e mineração do ferro
Ferrarias
Ferreira (Pt., Gz. e Br.) - mina de ferro
Ferreiras
Ferrel
Ferreria (Gz.) - o mesmo que "Ferraria"

Ferro (Pt., Gz. e Br.) - pelo menos em alguns dos casos, refere-se ao minério
Ferros (Br.) - ver Comentº

Garimpeiro (Br.) - é nome de ribeiro aurífero no Estado de Minas Gerais

Garimpo (Br.) - é nome de ribeiros auríferos nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais

Lavras (Br.) - no sentido de lugares onde se extraía o ouro

Mina
Minador do Negrão (Br.)
Minas
Minas Gerais (Br.)
Minas Novas (Br.)

Oeiras (Pt.) - numa região de uma ancestral actividade extractora, o topónimo parece dever-se à presença do ouro no rio Tejo, noutras épocas

Oura
Ourense (Gz.)
Ourentã
Ourentela (Pt.) - diminutivo de Ourentã ("Ourentanela")
Ourinhos (Br.)
Ourique (?)
Ouro Branco (Br.)
Ouro Fino (Br.) - ver Comentº
Ourolândia (Br.)
Ouro Preto (Br.)
Ouro Verde de Minas (Br.) - ver Comentº
Penacova (?)

Praça de Obradoiro (Gz. - Santiago) : as interpretações a que o nome desta praça se tem prestado, desde "estaleiro das obras" (da Catedral Medieval) até "lugar onde se realiza ou completa a Obra Alquímica" ou Obra d'Oiro...

Prata (Br.) - ver Comentº
Pratinha (Br.) - ver Comentº
Pratópolis (Br.) - ver Comentº
Rua da Prata
Rua do Ouro
Rua dos Azevicheiros (Gz. - Santiago)
Rua dos Ourives
Rua dos Prateiros (Gz. - Santiago)
S. Pedro da Cova
Tresminas




.........................................................
(*) não é topónimo exclusivo de lugar de mineração