segunda-feira, 19 de junho de 2006

Topónimos Terminados em "-iz"



com este artigo termino por agora a minha incursão pelos topónimos que indicam a pertença do local a proprietários germânicos, durante o domínio godo ou suevo. com razão ou sem ela, muitos dos topónimos em "-iz" têm sido atribuidos a proprietários suevos. certo é que o reino suevo correspondia à Galécia, ou seja, presentemente, à Região Autónoma da Galiza e a Portugal a norte do Rio Mondego - precisamente o mesmo território onde estes topónimos abundam.
mas não sei se é grande argumento.
representam também genitivos dos antropónimos correspondentes e fazem lembrar os patronímicos eslavos, sobretudo os do sul (os apelidos de sérvios, croatas, montenegrinos e bósnios).
a segunda parte que compõe o antropónimo de origem é "Rik", que significa "chefe"

alguns exemplos:

Alhariz (Gz.) - genitivo de Alarico. "Al..."+"Rik". graf. altern. Allariz
Anceriz (Pt.)
Ariz (Gz.)
Beariz (Gz.)
Beiriz
Brandariz (Gz.)
Buriz (Gz.)
Destriz (Pt.)
Eiris (Gz.) - ver Eiriz
Eiriz (Pt. e Gz.) - genit. de Eric?
Esmeriz (Gz.)
Esmoris (Gz.) - ver Esmoriz

Esmoriz (Pt. e Gz.) - há os topónimos associados Esmorigo (Pt.), Esmorigos (Pt.) e Esmorique (Gz.)

Espairiz (Pt.) - de "Asperigu", antropónimo germânico, que terá dado também o topónimo Espairo

Esparis (Gz.) - ver Espairiz
Espariz (Pt. e Gz.) - ver Espairiz
Esporiz (Gz.)
Formariz (Pt.)
Freiriz (Pt.)
Goiriz (Gz.)
Golariz (Gz.)
Gondariz - ver Gondoriz
Gondoriz (Pt. e Gz.) - de "Gunde" (combate)+ "Rik" (chefe)?
Gontariz (Pt. e Gz.) - ver Gondoriz
Guitiriz (Gz.) de "Witeric", antropónimo de um rei suevo
Lavariz (Pt.)

Mariz (Pt. e Gz.) - (pronunc. "Màriz"). genitivo de Malaric ("Mala"+"Rik") , antropónimo germânico

Mondariz (Gz.) - genitivo de "Munde"+"Rik"
Mondriz (Gz.) -
Mouriz (Pt. e Gz.) - genitiv de Mauric: "M..."+ "Rik"
Nariz - topónimo ainda não explicado convincentemente
Queiris (Gz.) - ver Queiriz.

Queiriz (Pt.) - não será germânico nem genitivo de um antropónimo. parece referir-se às condições físicas e geológicas do local. de "carr-": pedra. da família de topónimos em "Queir...", como Queiriga, Queiroga (Gz.), Queirós (Pt.), Queiroso (Gz.), Queiruga (Gz.), Quiroga (Gz.)

Reriz (Pt)
Romariz (Gz.)

Roriz (Pt.) - (pronunc. "Ròriz"). genitivo de "Rode"+"Rik": Roderic - o actual antropónimo "Rodrigo"

Selhariz

Senhoriz - genitivo de Senior, que não é antropónimo germânico (linguisticamente falando)

Toiriz (Gz.)
Troporiz (Pt.)
Tudriz (Gz.)
Uriz (Gz.)
Vilafiz (Gz.)
Vilamariz (Gz.)
Vileiriz (Gz.)
Xeriz (Gz.)


12 comentários:

Jo Lorib disse...

Olá amigo viajante, andava sumido.
Desses topónimos me chamou atenção Roriz, nome de um politico daqui, e Rode. Tem isso algo a ver com Rodão(Vila Velha)? Sempre tive curiosidade de saber a origem do nome daquelas formações rochosas.
Abraços desde S.Paulo.

Al Cardoso disse...

o Meu amigo esqueceu Queiriz; freguesia do concelho de Fornos de Algodres.

Interessante "post"

saudacoes beiras.

josé cunha-oliveira disse...

não esqueci. simplesmente ainda não cheguei lá. inda tenho muito que andar.
são muitos "-iz"...
é uma longa viagem
saudações minhotas

josé cunha-oliveira disse...

para Jolorib. saravá!
quanto a "Rode", "Ródão" , "Rhin" (Reno), "Rhône" (Ródano), são hidrónimos. no caso português, Ródão, Portas do Ródão, referem-se ao "rio" (Tejo).
no caso brasileiro..., sinceramente não sei. será uma transposição de um topónimo europeu?

cneirac disse...

O caso de Gond?riz sempre me produz muita confussao. Na Galiza há Gondomar, Abegondo, Mabegondo, Gundín, Gontar, Gonta. Sao todos a mesma coisa ou há formas de origem germánica?

É intuitivo mas quiça erróneo fazer a analogia con Mundo: Mondariz, Mundín, Mondoñedo...

High Power Rocketry disse...

: )

josé cunha-oliveira disse...

para Calidonia:
olá.
quanto a Gondomar, Gondar, já escrevi um post.
Mondonhedo (olá Manolo Montero!), tendo até em conta a sua história, deve ser de origem celta. nesse caso, será parente de Mondego.
quanto a Abegondo e Mabegondo, tenho um grande "?" que vou tentar corrigir
aquele abraço

Anônimo disse...

Que eu saiba, a Galécia era a região que corresponde actualmente á Galiza, parte ocidental das Asturias, parte ocidental da provincia de Zamora, provincia de Leão e norte de Portugal, ou seja, Minho e Trás-os-Montes.

josé cunha-oliveira disse...

sem complicar:
é claro que sim. as "tenências" de Astorga e de Zamora/Samora [era aí que queria chegar?] estiveram associadas ao Reino de Portugal até ao Tratado de Alcañices/Alcanizes.
mas seria mais correcto se acrescentasse à sua lista parte da Beira Litoral e parte da Beira Alta (Napoleão sabia isso).
...que eu saiba...

Anônimo disse...

Então a Lusitânia fica onde? Normalmente faz-se o contrário, difunde-se a "gloriosa" Lusitânia e ignora-se a Gallaecia...

josé cunha-oliveira disse...

sabendo-se que a capital da Lusitânia era Mérida, faz-se uma ideia de que seria uma entidade étnico-cultural que abrangeria "grosso modo" a Beira Baixa, o Alto Alentejo e a Extremadura espanhola, com "fronteiras" (se é que se pode falar assim)muito móveis.
Em questão de "Lusitânia", cada um come do que quer. Vejo estátuas de Viriato em Viseu, em Zamora, enfim, onde calha. no entanto o nosso herói casou com a filha de Astolpas, um garboso latifundiário do actual Alentejo. Os "Montes Hermínios" tamém mudam de sítio consoante quem os vê é português ou espanhol: podem ser na Serra da Estrela, na Serra da Gata, enfim, por aí perto.
aquele abraço anónimo

josé cunha-oliveira disse...

outra vez a Lusitânia:

a Lusitânia, como origem da identidade portuguesa, é uma invenção erudita que aparece em Luís de Camões e é retomada em força pelos historiadores românticos do Séc. XIX.
não tem outro valor.
como se trata de uma região interior, com costumes agro-pastoris e montanheses, nem sequer se presta a gerar um povo marinheiro. e como a maior parte do seu "território" não coincide (ou por defeito ou por excesso)com o território português, e a sua capital se situava na actual Extremadura espanhola, não se percebe lá muito bem qual a sua vantagem simbólica para Portugal.
talvez só mesmo para desviar as atenções da nossa indesmentivel filiação galega ou, quando muito, galaico-leonesa.